A Vale anunciou na quarta-feira, 29, a assinatura de sete acordos com diferentes parceiros chineses para reforçar sua agenda estratégica e fortalecer seu relacionamento com a China. O anúncio foi feito no Seminário de Negócios Brasil-China, realizado pelas autoridades brasileiras e chinesas em Pequim, que contou com a presença do vice-presidente executivo de Assuntos Corporativos e Institucionais da Vale, Alexandre Silva D'Ambrosio.

Alexandre D'Ambrosio, vice-presidente executivo de Assuntos Corporativos e Institucionais

Os anúncios realizados incluem um Acordo de Investimento do Projeto Morowali, na Indonésia; dois acordos para apoiar a agenda de descarbonização da empresa em parceria com um cliente chinês e um fornecedor chinês, respectivamente; dois Memorandos de Entendimento de cooperação estratégica abrangente assinados com bancos chineses líderes; e mais dois acordos para fortalecer a cooperação com universidades chinesas.

Esses acordos vêm em um momento em que a Vale está comemorando 50 anos desde seu primeiro embarque de minério de ferro para a China, em 1973.

"Como parceira da China há 50 anos e fornecedora confiável de matérias-primas para a indústria siderúrgica chinesa, a Vale tem um compromisso de longo prazo com o mercado chinês", diz Alexandre Silva D'Ambrosio. "Continuaremos a oferecer ao país produtos de minério de ferro de alta qualidade para apoiar o desenvolvimento contínuo de sua economia e aprofundar ainda mais nossa parceria estratégica em mineração sustentável e soluções com baixo teor de carbono".

Acordo de Investimento em Projeto na Indonésia

A subsidiária da Vale na Indonésia (PT Vale Indonesia), juntamente com a Taiyuan Iron & Steel Co. Ltd. (Tisco) e a Shangdong Xinhai Technology Co. Ltd. (Xinhai), assinaram um Acordo de Investimento para um projeto de construção de uma planta de processamento de ferro-níquel para fornos elétricos rotativos (RKEF) com uma produção anual mínima de 73 mil toneladas de níquel e outras instalações de apoio no distrito de Morowali, Indonésia. O projeto utilizará energia a gás para fornecer eletricidade e prevê-se que seja um projeto verde e de baixo carbono. A Tisco é um produtor de aço inoxidável de renome mundial na maior empresa de aço estatal da China, a Baowu.

O projeto Morowali, anteriormente conhecido como Bahodopi, foi aprovado pelo Conselho de Administração da Vale em julho de 2022. O start-up está previsto para 2025.

Desenvolvimento de biocarvão

A Vale anunciou a assinatura de um acordo de cooperação com a Baoshan Iron & Steel Co., uma subsidiária da Baowu da China, para o desenvolvimento e aplicação do biocarvão na indústria siderúrgica. Produzido a partir de biomassa, o biocarvão está sendo considerado como um substituto para o carvão no processo de fabricação de aço, com potencial para reduzir as emissões de carbono.

Embora ainda não existam casos de aplicação industrial do biocarvão em siderúrgicas na China, o setor considera a energia de biomassa como uma rota técnica estratégica para a metalurgia de baixo carbono. Para a Vale, é essencial estar envolvido no desenvolvimento desta tecnologia, que contribuirá para seu objetivo de reduzir as emissões de escopo 3 em 15% até 2035.

Motoniveladora com emissão zero

A Vale também anunciou um Memorando de Entendimento com a XCMG, o maior grupo de empresas chinesas do setor de máquinas de construção, para co-desenvolver a primeira motoniveladora com emissão zero do mundo para atividades de mineração. O equipamento, que é usado para nivelar os acessos às minas, será testado em unidades dos estados de Minas Gerais e Pará. Caso seja aprovado após os testes, a Vale pretende adquirir vários modelos ao longo dos próximos anos. Hoje, a empresa conta com uma frota de 90 motoniveladoras.

Atualmente, a Vale está testando dois caminhões elétricos fora de estrada fabricados pela XCMG, ambos com capacidade de 72t – um em Minas Gerais e o outro na Indonésia.
A substituição de equipamentos movidos a combustível por modelos elétricos ou de baixas emissões é fundamental para que a Vale atinja sua meta de reduzir em 33% as emissões de seu escopo 1 e 2 até 2030.

Cooperação financeira

A Vale assinou Memorandos de Entendimento plurianuais (MoUs) com o Industrial and Commercial Bank of China (ICBC) e com o Bank of China (BOC), respectivamente. Os Memorandos de Entendimento são projetados para apoiar o desenvolvimento comercial da Vale e fortalecer as parcerias entre a Vale e os dois principais bancos chineses.
De acordo com os MoUs, os dois bancos chineses pretendem fornecer apoio de crédito à Vale através de facilidades de empréstimo, de financiamento de projetos, comércio ou ativos, de garantias bancárias, entre outros.

A Vale e os dois bancos também pretendem aprofundar ainda mais sua colaboração no combate às mudanças climáticas, incluindo financiamento verde, energia renovável e outras oportunidades que surgem da transição energética.

Cooperação técnica

A Vale também anunciou que assinou um acordo de cooperação com a Central South University (CSU) para fortalecer sua cooperação técnica. Este acordo se segue à assinatura do acordo de doação entre a Vale e a CSU que foi anunciado em fevereiro deste ano. Sob o acordo de doação, a Vale doará US$ 5,81 milhões para apoiar a CSU no estabelecimento de um novo laboratório que ocupará uma área total de cerca de 3 mil metros quadrados para metalurgia de baixo carbono e hidrogênio.

Sob o novo acordo, a Vale reforçará a cooperação técnica com a CSU em vários aspectos, tais como pesquisa em sinterização e pelotização de baixo carbono, fabricação de ferro de alta eficiência e utilização de H2.

Cooperação em pesquisa econômica

A Vale e a Universidade de Tsinghua assinaram um acordo de parceria de quatro anos, sob o qual a Vale continuará a apoiar o Centro Acadêmico de Prática e Pensamento Econômico Chinês (ACCEPT) da Universidade de Tsinghua no aprofundamento da compreensão da prática e pensamento econômicos da China e na disciplina de Governo e Economia de Mercado. A parceria entre a Vale e o ACCEPT teve início em abril de 2019.

Fundada pelo professor David Daokui Li, o renomado economista chinês, em abril de 2018, a ACCEPT concentra-se na pesquisa sobre governo e economia de mercado e promove pesquisa econômica com características chinesas.