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2023/04/25

Reparation, Social

Curso fortalece a atuação de líderes comunitários em Brumadinho

Lideranças aprenderam sobre comunicação, governança, leis de incentivo, captação de recursos e elaboração de projetos e terão mentoria em ações para as comunidades

Ideias que podem trazer boas oportunidades para a comunidade são sempre bem-vindas. Mas, na prática, pouca gente sabe como tirar isso do papel e transformar em realidade. Onde buscar recursos? Como elaborar um projeto com as exigências técnicas e legais? Quais órgãos procurar na administração pública? Como firmar parcerias com iniciativas privadas?

Questões como essas fazem parte do conteúdo abordado no Programa de Fortalecimento de Lideranças Comunitárias, oferecido pela Vale. No último dia 15 de abril, aconteceu a formatura de quatro turmas, com 40 participantes das comunidades da Sede, Aranha, Conceição do Itaguá e Tejuco, em Brumadinho. Na cerimônia, realizada num hotel da cidade, o sentimento era de orgulho e estímulo para, cada vez, representar a comunidade.

“Eu só tenho elogios porque esse curso só abriu caminhos para mim. A gente perdia muita oportunidade de ajudar porque não sabia o meio certo para conseguir as coisas. Agora eu tenho muito mais força de vontade de fazer e aprendi coisas importantes para a comunidade e para mim como, por exemplo, falar em público”, relata o vice-presidente da Associação Comunitária de Aranha, Valdeir Aparecido Silva.

A coordenadora da empresa MNC, responsável por ministrar o curso, Berenice Braga, explica que a percepção de Valdeir é semelhante ao que os alunos foram demonstrando durante as aulas.

“As expectativas foram sendo superadas no decorrer do curso, com a baixa taxa de evasão, e com os depoimentos dos alunos de que o curso transformou a vida deles em vários sentidos, não só no lado pessoal, mas também no profissional”, explicou.

O conteúdo trabalhado envolveu temas como a diferença entre primeiro, segundo e terceiro setor; habilidades e competências da liderança, da comunicação e da governança comunitária; leis de incentivo; captação de recursos e elaboração de projetos.

Relações

Para o presidente da Associação dos Congados e Moçambique de Nossa Senhora do Rosário de Conceição de Itaguá, Carlos José de Sales, além da questão da estruturação dos projetos, o curso foi fundamental para ensinar como devem ser as relações pessoais.

“Foi muito proveitoso porque nos mostrou como devemos lidar com a documentação, mas também com as pessoas. Foi primordial para mim. Quem está à frente de uma associação comunitária precisa entender que não é dono de nada, está representando toda a comunidade”.

Carlos também falou sobre a importância que o curso teve para promover a integração entre associações diversas.

“Tem muita gente que nós só conhecemos de vista, então as aulas foram importantes para uma troca de experiências, para ver a capacidade dos outros”.

Marbele Oliveira, da Associação dos Moradores de Conceição do Itaguá, concorda com Carlos.

“Às vezes, duas comunidades enfrentam o mesmo problema, têm projetos com objetivos semelhantes, mas com visões diferentes. E um pode complementar o outro”.

Ela também falou da importância do conteúdo do curso, que foi repassado aos alunos durante as aulas semanais que aconteceram por seis meses.

“Foi fundamental a gente aprender a função de cada órgão no Poder Público, para que a gente saiba por onde começar, o que a gente pode pedir em cada um, como falar a mesma língua deles e elaborar de maneira correta um projeto. Agora a gente precisa formalizar tudo que aprendemos. Ter um CNPJ ativo, participar de licitações, de concorrências”.

Schirlene Gerdiken, da Associação Comunitário do Aranha, também acredita que, daqui para a frente, o trabalho será diferente.

“Muita coisa passava despercebida pela gente, e agora vamos continuar o trabalho com a nova metodologia. A didática do curso foi muito boa, foi muito importante a gente se reconhecer como terceiro setor, saber que estamos amparados por lei”.

Continuidade

Berenice Braga explica que já existe demanda para a realização de cursos em outras comunidades de Brumadinho, e explica como seguirá o trabalho para os alunos que se formaram.

“O Curso de Formação de Lideranças Comunitárias dará início a uma segunda etapa em forma de mentoria, onde as associações receberão orientações sobre governança, revisão de estatutos, entre outros. Teremos ainda oficinas para aprofundar nos temas Comunicação e Captação de Recursos, que foram os mais requisitados por eles”. 

O curso está sendo realizado também em Betim, e deve ser estendido para outras cidades da Bacia do Paraopeba.

Samuel Carvalho, gerente de Território de Brumadinho, lembra que houve um projeto inicial do curso na comunidade do Córrego do Feijão em 2021, e que a experiência foi tão boa que as aulas foram oferecidas para mais alunos.

“Entendemos que, ao fortalecer as lideranças, a gente capitaliza todo o potencial que já existe, contribuindo para que as diferentes entidades passem a estar mais preparadas para a interlocução com o poder público, com a iniciativa privada ou até mesmo outras entidades, e assim elas tornam-se cada vez mais sustentáveis e autônomas”, explicou.

 

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