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24-03-22

Culture

Instituto Cultural Vale e Oceanos Cultura apresentam Oceanos – Mapeamento das Literaturas em Língua Portuguesa

Material é a primeira catalogação anual das literaturas contemporâneas escritas no idioma

O Instituto Cultural Vale e o Oceanos Cultura lançam hoje, 24 de março, o “Oceanos – Mapeamento das Literaturas em Língua Portuguesa”, uma plataforma interativa que hospedará um catálogo das literaturas em língua portuguesa dos vários países que falam o idioma em todo o mundo. Por meio da plataforma, será possível pesquisar, ordenar, filtrar e cruzar informações a respeito da produção literária atual em língua portuguesa, consultar dados sobre seus autores e editoras e comparar informações sobre o mercado editorial. 

O Mapeamento, que abrange poesia, ficção, crônica e dramaturgia, teve início com a catalogação dos 1.830 livros publicados em 2020 e inscritos no prêmio Oceanos em 2021. Durante o ano de 2021, 32 professores de literatura do Brasil e de Portugal — tendo como fonte de consulta editores, escritores e os próprios livros —, realizaram a primeira catalogação dos aspectos temáticos, estéticos e técnicos das literaturas em língua portuguesa. Além de hospedar um banco de dados, a plataforma também contará com informações geográficas e editoriais dos países membros da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), que podem ser comparadas entre si, como podemos ver na home do site. 

“Conhecer, valorizar e celebrar o patrimônio imaterial da língua portuguesa, que nos une a outros 9 países e a mais de 260 milhões de pessoas, é uma forma de cruzar oceanos e de se encontrar – ainda que à distância. Nesse sentido, essa parceria para mapear e reconhecer a produção literária em língua portuguesa está ligada ao nosso propósito, como Instituto Cultural Vale, de valorizar as diversas manifestações culturais, fomentar diálogos e encontros para melhorar a vida. É especialmente significativo, sempre e particularmente em tempos como estamos vivendo, unir forças em iniciativas como essa, que atam o indissociável elo da Educação e da Cultura. Por meio do Oceanos, estamos ampliando espaços para pensar, fazer e sonhar – juntos”, afirma Hugo Barreto, diretor-presidente do Instituto Cultural Vale. 

Ciclo de debates

Com curadoria da coordenação do Oceanos, foi pensado um ciclo de debates a partir de dados estatísticos que emergiram do estudo e que instigaram uma discussão mais aprofundada. As primeiras conversas temáticas estarão acessíveis na própria plataforma do Mapeamento e no canal no YouTube do Instituto Cultural Vale. 

A edição de autores africanos dentro e fora de África: desafios

Dados do Mapeamento mostram que parte dos autores dos países de língua portuguesa do continente africano publica suas obras em outros territórios que não os seus de origem. O porquê desses escritores optarem por buscar a edição fora de África e o que justifica esses deslocamentos são algumas das questões debatidas pelo professor e presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa Nataniel Ngomane, de Moçambique; pelo escritor e poeta Ondjaki, que tem uma editora-livraria em Luanda, Angola; e por um dos principais editores portugueses de autores africanos, Zeferino Coelho. A mediação fica a cargo da curadora luso-brasileira e gestora do Oceanos Selma Caetano. 

Literatura e ativismo

De acordo com o Mapeamento, os registros realistas dos romances são dominantes: 13% das narrativas catalogadas são baseados em acontecimentos históricos reais; 20%, em pressupostos de realidade, e 7% são autoficções, totalizando 40%. Questões como quais os limites ou fronteiras do ativismo ou da literatura social e até que ponto esses compromissos afetam o protagonismo da literatura ou desafia a criatividade foram debatidas pela escritora e poeta brasileira, do povo Tabajara, Auritha Tabajara, pelo escritor brasileiro Santiago Nazarian e pelo escritor angolano Kalaf Epalanga, três autores cuja obra reflete uma relação direta com um momento, um território ou um tema. Com mediação da jornalista e escritora portuguesa Isabel Lucas. 

Autopublicação: impactos de uma outra forma de fazer livros

As autopublicações – embora minoritárias, se comparadas com as publicações por editoras – tiveram número relevante na produção literária de 2020 inscrita no prêmio: 24% dos romances catalogados foram autopublicados. De 2019 a 2021, o número de autopublicações inscritas no prêmio Oceanos cresceu 700%. 

O impacto do crescimento das autopublicações no mercado editorial, na cena literária e na recepção crítica, e a consequente perda de mediadores entre autor e leitor, foram debatidos pelo escritor brasileiro, pesquisador e professor da Universidade de São Paulo (USP) Teixeira Coelho e pelo escritor português e professor da Universidade Nova de Lisboa (NOVA FCSH) Rui Zink. Com mediação do jornalista brasileiro e curador do Oceanos Manuel da Costa Pinto. 

Oceanos - Mapeamento das Literaturas em Língua Portuguesa 2022

A segunda edição do Mapeamento das Literaturas em Língua Portuguesa teve início em 14 de março de 2022, com a abertura das inscrições para o Oceanos – Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa 2022, quando se iniciou o processo de coleta dos dados de editoras, autores e livros publicados em 2021. 

O Oceanos – Mapeamento das Literaturas em Língua Portuguesa é realizado pela Oceanos Cultura em parceria com o Instituto Cultural Vale, o Banco Itaú, o Itaú Cultural (IC) e a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas (DGLAB), de Portugal. Para conhecer, acesse https://oceanosmapeamento.com.

 

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